A verdadeira história: A Órfã

Se você é fã de filmes de terror, certamente já assistiu A Órfã, lançado em 2009. O filme conta a história de Esther, uma menina de 9 anos que é adotada por um jovem casal, após a morte de um de seus filhos. O que eles não sabiam é que a inocente menina trazia consigo um histórico um tanto quanto sombrio.

Em relação à história real, o filme apresenta apenas a garota como elemento comum.

Klara e Katerina Maureova eram irmãs que fantasiavam grandiosidades acerca do futuro, porém apresentavam distúrbios de temperamento desde muito jovens. Klara, a irmã mais velha frequentou a universidade e casou-se com um homem e tiveram dois filhos, Ondrej e Jakub. Com o passar do tempo, a personalidade doentia de Klara trouxe a separação ao casal e a moça, sentindo-se sozinha, convidou a irmã mais nova para morar na casa. Tudo corria bem até que Barbora Skrlová, 33 anos apareceu na vida de Katerina. A jovem, devido a uma rara doença glandular, aparentava ser uma menina de doze anos, fato que a fazia se aproveitar disso, passando-se por menor de idade, conseguindo escapar de delitos que cometia. Anteriormente, Barbora chegou a ser adotada por um casal, como se fosse uma pré-adolescente (daí surgiu a ideia do filme).

Barbora

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Com a vinda de Barbora para a casa, Klara e Katerina passaram a exacerbar suas personalidades já incomuns desde crianças. Através da amiga, as irmãs se converteram ao “Movimento Graal”, culto que pregava que o homem chegará ao paraíso se fizer coisas boas na Terra. Em contrapartida, os seguidores da seita eram livres de alguns tabus sociais, como o homicídio, a antropofagia (ato de comer partes humanas) e também o incesto, assim como apoiava maus tratos infantis, escravidão e também a promiscuidade sexual. A suposta “religião” foi criada por Oskar Ernst Bernhardt, alemão, entre 1923 e 1938, apelidado de “O Doutor”.

Devido à influência de Barbora, Klara raspou as sobrancelhas e o cabelo, já não tomava banho e vestia-se com roupas velhas, Katerina era quem apoiava essas atitudes. Barbora tinha dupla personalidade, hora comportava-se como mulher adulta, hora como criança, dizendo sentir ciúme da atenção que Klara, que apesar de ser cheia de distúrbios, dava aos meninos. Aos poucos, a “menina” iniciava uma espécie de disputa entre as crianças e a mãe: acusava-os de mal comportamento sempre que podia.

Klara, Barbora e os meninos

Os garotos passara a ser constantemente castigados, mas Barbora, não se dando por satisfeita, investia cada vez mais nas acusações, até que Klara, desesperada, lhe perguntou o que poderia fazer para controlar a situação. Foi aí que Barbora sugeriu prender as crianças em uma jaula de ferro. Encomendaram a tal jaula e a instalaram no sótão de casa, estavam aliviadas, pois poderiam fazer com que os meninos parassem de cometer travessuras e ainda poderiam alimentá-los através das barras. Em 2007, os meninos foram presos sem suas roupas. A partir de então, passaram a sofrer inúmeras torturas, como ter cigarros apagados em suas pernas e braços, eram espancados, afogados, açoitados  e recebiam choques elétricos e abuso sexual. Dormiam no chão, nus e sem cobertores, juntamente com seus excrementos, às vezes eram alimentados e tomavam banho com água fria, que era jogada uma vez por semana. Quando as irmãs recebiam visitas, amordaçavam e amarravam as crianças. Se chorassem, eram golpeados. Barbora insistiu que começassem a alimentá-los demasiadamente, até que ganhassem peso e em um dado momento, Klara foi até a jaula munida de uma faca, e ordenou a Ondrej que estendesse a perna, Katerina e Barbora a seguraram e a outra cortava alguns pedaços do menino, que gritava de dor, enquanto Jakub gritava aterrorizado. Após, comeram os pedaços na frente deles, sem arrependimentos. Um mês após o acontecido com Ondrej, Jakub teve pedaços de seus braços cortados e devorados pelas três. E a cada mês, uma nova sessão de canibalismo acontecia: as mulheres iam até o sótão e comiam pedaços dos pequenos.

Para ter mais controle sobre as crianças, Barbora teve a ideia de instalar uma câmera para vigiar bebês, para que pudessem observar o que os meninos faziam enquanto sozinhos ou para assistir quando eram torturados por uma delas.

Até que uma espécie de milagre aconteceu. Um casal se mudou para a vizinhança e adquiriu uma câmera para vigiar seu filho pequeno. Ao ligar o aparelho, se deparou com duas crianças sendo torturadas por três mulheres. Dias se passaram até que o homem descobriu que o sinal poderia estar sendo interceptado da casa de suas vizinhas.

O vizinho gravou as imagens do que viu e denunciou à polícia local. Em 10 de maio de 2007, Klara teve sua casa invadida por policiais, que quebraram os cadeados e encontraram uma cena digna de filme de terror. O chão coberto de sangue, urina e fezes, um dos meninos estava desmaiado e o outro, em choque. Os dois apresentavam feridas fétidas e alguns locais sangrando. Em frente à jaula, estava uma menina, segurando um ursinho de pelúcia. Era a filha adotiva de Klara. As irmãs foram presas e os meninos foram levados sob proteção juntamente com sua irmã Annika, de 13 anos. As crianças foram imediatamente hospitalizadas e uma delas veio a falecer, pois não resistiu aos maus tratos e a outra, declarou em juízo tudo que sofreram presos no sótão durante um ano. As duas mulheres acusaram Barbora, porém quando a ordem de prisão contra a mulher fora emitida, a polícia não a localizou.

Annika desapareceu e mais tarde descobriu-se que estava vivendo na Noruega.

Annika fora adotada por um casal porém, com o nome de Adam, um menino de 13 anos que frequentava a escola primária.

Um ano se passou, até descobriam que Annika, Adam e Barbora eram a mesma pessoa. Os pais adotivos de “Adam” não entendiam como uma criança de apenas 13 anos era acusada de ser um criminoso e ao saberem que se tratava de uma mulher de 36 anos, ficaram em estado de choque. Barbora foi extraditada para a República Checa e após, julgada com Klara e Katerina.

Klara disse em juízo: “Ocorreram coisas terríveis e só agora me dou conta disso. Não consigo entender como deixei que acontecessem”. As duas acusaram Barbora de ter feito uma “lavagem cerebral” e que não conseguiam se dar conta das maldades que estavam fazendo.

Em 2009, o Tribunal Superior de Olomouc condenou Klara Mauerova a 9 anos de cárcere e 10 anos para sua irmã Katerina Mauerova e a respeito do que foi decidido acerca da condenação de Barbora não existem informações exatas até hoje.