A terrível realidade do afogamento

De todos os jeitos que uma pessoa pode morrer, o afogamento é uma das piores e mais dolorosas. E, além disso, ele é mais comum e mortal do que você imagina:

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Afogando

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Nosso cérebro possui um mecanismo capaz de retirar da pessoa o controle do corpo em certas situações, para evitar alguns problemas. Uma dessas ocasiões é durante a privação do oxigênio. Por mais que alguém tente, é impossível prender a respiração voluntariamente até a morte. Quando o dióxido de carbono chega a certa taxa no sangue, o cérebro assume o comando e faz o corpo respirar, mesmo que a pessoa esteja tentando fazer o contrário.

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Essa artimanha é muito útil, pois ajuda em várias circunstâncias, porém é esse mesmo mecanismo que acaba ocasionando o afogamento.

99% dos casos de morte por afogamento ocorrem em água (90% em água doce e o resto no mar) e as crianças são as mais afetadas. O afogamento normalmente é causado por falta de experiência com a água e descuido.

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No momento em que a pessoa nota que não tem mais condições de manter sua cabeça acima da superfície, a reação natural é um desespero maluco, onde o corpo luta para chegar em um local mais raso. Essa batalha é problemática, pois faz o corpo consumir mais oxigênio.

Poucos segundos depois, a taxa de dióxido de carbono no sangue chega a níveis preocupantes – em um fenômeno conhecido como Hipercapnia – e o cérebro começa a enviar mensagens de alerta (aquela sensação estranha, que sentimos quando prendemos o ar por bastante tempo), avisando que ele vai tomar conta da situação.

Poucos segundos depois, o cérebro força os pulmões a respirarem, mas em vez de oxigênio, eles recebem uma dose de água. Rapidamente, o corpo reage a essa entrada de água, gerando uma contração involuntária das cordas da laringe, bloqueando a entrada dos pulmões – esse fenômeno é chamado de laringoespasmo.

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Por isso, nos primeiros momentos do afogamento, a pessoa normalmente não recebe uma grande dose de água nos pulmões. Em 10% dos casos de morte na água, as vítimas morrem de algo chamado “afogamento seco”, onde o laringoespasmo persiste até que o corpo sofre uma parada cardíaca, fazendo com que a vítima morra praticamente sem nenhuma água nos pulmões.

Logo após a primeira tentativa de tragar o ar embaixo da água, o cérebro entra em estado de Hipoxia – privação de oxigênio. Nesse momento, a vítima desmaia para nunca mais acordar, morrendo sem notar.

Em outros casos, a vítima sofre uma parada cardíaca, devido as alterações químicas causadas pela água no sangue e nos pulmões. A partir desse momento não existe mais oxigênio circulando, pois o sangue não se move e o cérebro começa a sofrer os efeitos disso. Em média, seis minutos após o coração parar de bater o cérebro morre, tornando a situação irreversível.

Números

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O afogamento é uma das maiores causas de morte do planeta. Quando falamos de lesões não intencionais, o afogamento ganha a medalha de bronze, sendo responsável por 7% das mortes acidentais. Em 2004, excluindo os grandes desastres, morreram mais de 380 mil pessoas devido a afogamentos e seus efeitos posteriores. 96% dessas mortes ocorreram em países de baixa renda. Ou seja, a falta de informação junto com a água é um vilão extremamente perigoso.

O Mar Morto

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O Mar Morto tem esse nome porque a quantidade de sal lá é 10 vezes maior do que a existente em outras águas salgadas, fazendo com que qualquer ser vivo tenha sérios problemas em sobreviver nessas condições.

Essa quantidade exagerada de sal também cria outro fenômeno estranho: É praticamente impossível se afogar no Mar Morto. Por ter uma água muito mais densa, o local faz com que o corpo humano sempre flutue. Ou seja, mesmo que você quisesse submergir totalmente, a água lhe jogaria para cima, impossibilitando um afogamento acidental. Ou seja, o Mar Morto não mata.

Devorador de corpos

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Entre os estados da Califórnia e Nevada existe um lago chamado Tahoe, que possui uma condição única no mundo.

Normalmente quando alguém se afoga em um lago ou rio, o corpo afunda logo após a morte. Poucos dias depois, a decomposição causada pelas bactérias começa a gerar gases dentro do morto, até o ponto em que o corpo tende a flutuar e se manter na superfície. É graças a esse fenômeno, que as pessoas mortas na água normalmente são encontradas.

Mas no Tahoe isso não ocorre! As águas lá são muito frias, o que não permite que as bactérias decomponham o corpo. Por isso, quem morre lá acaba submergindo e nunca mais voltando. Em alguns pontos, o lago tem mais de 1,9 quilômetro de profundidade, impossibilitando buscas.

Em 2011, o corpo de um homem desaparecido em 1995 foi encontrado em perfeito estado dentro da água gelada, mas ele estava a apenas 100 metros de profundidade. Sabe-se lá quantos outros corpos podem estar perdidos dentro desse estranho lago.