Os piratas ainda existem

Se você pensa que pirataria marítima sumiu há alguns séculos, está muito enganado, ela ainda existe:

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De pescador a pirata

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A Somália é um país africano extremamente pobre, que vive da agricultura. Ele está localizado no “Chifre da África”, o que lhe garante um ótimo acesso ao Golfo de Aden, ao Mar Árabe e também ao Oceano Índico.

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Além dos problemas econômicos, a Somália vive uma guerra civil desde 1991. Durante esse tempo, o governo caiu, deixando o país sem rumo e praticamente sem leis. 

Enquanto esses problemas atingiam a região, muitos navios de carga despejavam dejetos em águas somalis. A indignação dos pescadores locais gerou uma união entre eles. Em pouco tempo, os pescadores viraram piratas, tomando navios estrangeiros, que passavam pelo local, para cobrarem uma taxa por sua passagem. Esse modo de vida tornou-se normal no meio de todos os pescadores da costa.

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Vendo que aquilo parecia um negócio rentável, mais e mais somalis resolveram fazer parte do movimento para salvar as águas, mas que, na verdade, tinha se tornado um movimento para o enriquecimento deles.

Pirataria profissional

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Todos os barcos somalis deixaram a pesca de lado e se equiparam com escadas e armas. Em 2005, os piratas locais já eram uma grande preocupação de diversas nações. Segundo dados das companhias atacadas, nos anos em que os piratas faziam algumas dezenas de ataques, o prejuízo chegava aos 7 bilhões de dólares.

Com o dinheiro entrando rápido, os piratas começaram a se profissionalizar, contratando mercenários para treinamento, comprando armas potentes, que iam desde AKs-47 até RPGs, e transformando os barcos de pesca em embarcações de guerra. 

Enquanto todo esse dinheiro trocava de mãos, o negócio da pirataria crescia rapidamente. Não há registros oficiais, mas acredita-se que haviam alguns milhares de piratas trabalhando em barcos somalis entre 2008 e 2013. Além deles, muitas pessoas começaram a lucrar com o negócio, o que incluía desde produtores locais de barcos, até grandes empresas de seguros, que aumentaram seus preços para ganhar mais.

Em 2008 a Índia, um dos principais afetados pelos ataques devido a proximidade, iniciou uma missão de guerra contra a pirataria. Um dos seus barcos militares foi designado para patrulhar constantemente os locais de ataque dos somalis. Poucos meses depois, a Rússia entrou na batalha.

Uma coalizão internacional iniciou uma enorme guerra contra a pirataria. Em 2011, foram feitos 157 ataques a navios mercantes, mas apenas 25 interceptações foram bem-sucedidas. Em 2012, os ataques não passavam de 6 por ano e, hoje em dia, os ataques são bem raros, apesar de ainda existirem.

Diversos piratas foram presos durante esses anos. A maioria era enviada para o país de origem do navio e julgada. Os azarados, que acabavam caindo nas mãos do Iêmen, eram executados; os sortudos acabavam sendo enviados para a Europa, onde eram julgados, e podiam ficar no velho mundo após cumprirem a pena. 

Outro efeito colateral da pirataria foi que, mesmo perdendo seu objetivo inicial, ela funcionou. Devido ao medo dos piratas, os barcos internacionais abandonaram a costa somali, deixando os pescadores voltarem as suas atividades normais e exterminando com o despejo de dejetos no mar.