Monte a sua matéria: Pra Quem Gosta de Stephen King #174

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Pra Quem Gosta de Stephen King

As Mentes que Moldaram o Mestre

Por: Vinícius Salfer

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Stephen King é famoso por fazer as pessoas ficarem perturbadas, verem coisas em sombras, brincar com a psique tanto de seus personagens quanto de seus leitores, e o mais importante: ele é famoso por ser um dos melhores escritores contemporâneo. Ele é responsável por noites mal dormidas de muita gente que está lendo isso, não tente mentir, tenho certeza que você ainda confere se a umidade de sua cueca/calcinha está socialmente aceita toda vez que se lembra de obras como: O Iluminado, A Coisa, O Cemitério, Carrie a Estranha, ou qualquer um dos milhares de livros que a capacidade produtora desse sujeito foi capaz de nos presentear.

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É um fato, King é um gênio. O jeito que ele descreve seus personagens, a maneira como ele os desenvolve ao longo da história, as próprias características psicológicas que são trabalhadas por ele são tão bem feitas que quando seus personagens são jogados nas situações mais malditas o possível os leitores conseguem facilmente vestir a pele do personagem e se sentir ali. Essa é principal causa de ele conseguir entrar na imaginação do leitor e convidar o próprio diabo para decorar o lugar. Mas enfim, essa é uma matéria pra quem gosta de Stephen King, e pra quem não gosta, mas não é uma matéria sobre Stephen King, mas sim sobre os escritores que o influenciaram a ser esse grande escritor.

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Quem foi que ensinou a ele a vestir as suas histórias com um belo manto de suspense? Quem mostrou pra ele como botar situações do cotidiano e pessoas normais nas circunstâncias mais surreais? Quem apresentou essa forma de narrativa genial? Sim, muitos podem responder nomes como: Edgar Allan Poe, Lovecraft, Tolkien, mas vamos um pouco além do óbvio. A seguir, três escritores que deram uma bela influência no grande Stephen King.

#1 – Agatha Christie

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Essa Simpática senhora é dona de uma das mais perspicazes da literatura de suspense. Ela é conhecida como “Rainha do Crime”. Britânica, nascida no século retrasado, essa senhora é escritora de mais de 72 romances, além de contos e peças teatrais, o que a tornou uma das romancistas que mais vendeu livro na história, alguns bilhões. Famosa por seu gênero policial e de investigação, foi essa figura que influenciou Stephen King no quesito mistério e suspense. Abaixo, três obras que valem a pena ler.

O Assassinato de Roger Ackroyd

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É um livro velhinho, de 1926, mas até hoje um dos mais famosos da Rainha do Crime, além do mais, foi seu primeiro grande sucesso. A trama se passa em uma vila incrustada em solo britânico. Mas o que fazer em uma cidade pequena? Isso mesmo, falar da vida alheia dos vizinhos. Um dos personagens principais dessas fofocas era o dito e cujo Roger Ackroyd. O enredo dessas fofocas giravam em torno de seu envolvimento com a viúva Miss Ferrars.

Passando por cartas anônimas e chantagem, Roger Ackroyd é morto. Acontece que um dos personagens mais famosos de Agatha estava de bobeira nessa vila, o detetive Hercule Poirot, que com a ajuda dos fofoqueiros tenta descobrir o que aconteceu, levando toda a história para um improvável desfecho, que causou grande polêmica na época.

Um Crime Adormecido

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Publicado em 1976, esse livro conta a história do último caso de sua personagem mais famosa, a Miss Marple. Foi um livro que a autora não viveu tempo suficiente para ver o seu sucesso. O manuscrito ficou guardado em um cofre após Agatha escrevê-lo durante a Segunda Guerra Mundial, para apenas depois ter a permissão de sua genitora para mostrá-lo ao mundo. Conta a história de Gwen Reed, que se muda para uma nova residência, que logo começa a mostrar sinais estranhos.

Gwen começa a ter percepções improváveis acerca da casa. Por algum motivo ela sabe que houve uma porta onde naquele momento é apenas uma parede, por algum motivo ela sabe qual era o papel de parede original de determinado quarto, por algum motivo ela sabe que uma mulher já foi ou será assassinada naquele lugar. Miss Marple então entra para ajudar Gwen a decifrar o seu próprio lar, doce lar.

O Caso dos Dez Negrinhos

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É um dos livros polêmicos de Agatha, principalmente por causa do seu título. Porém, além de polêmico, é um dos livros mais vendidos da história. No Brasil, ele já foi publicado como “O vingador Invisível” e “E Não Sobrou Nenhum”. A história começa com as cartas de um misterioso casal que assina como U.N Owen, convidando oito estranhos para a sua mansão em uma ilha. Ao chegarem à mansão, eles conhecem os criados de U.N Owen, Mr. Mrs. Rogers.

Um pouco mais tarde, todos são acusados, através de uma voz vinda de um gramofone, de um crime envolvendo a morte de alguém, inclusive Mr. E Mrs. Rogers. Não há como fugir, a única saída da ilha é um barco que não vem. Com o tempo, eles vão sendo assassinados, com suas mortes seguindo um poema emoldurado na parede do quarto de cada um.

“Dez negrinhos vão jantar enquanto não chove, um deles se engasgou, e então restaram nove;

Nove negrinhos sem dormir, não é biscoito! um deles cai no sono, então sobraram oito;

Oito negrinhos vão a Devon em charrete, um deles quis ficar, então restaram sete;

Sete negrinhos vão rachar lenha, mas eis um deles se corta, então restaram seis;

Seis negrinhos de uma colmeia fazem brinco, a abelha picou um, e então ficaram cinco,

Cinco negrinhos vão ao fórum tomar ares, um deles foi julgado, então sobraram dois pares;

Quatro negrinhos vão ao mar, a um tragou de vez o arenque defumado, e então sobraram três;

Três negrinhos vão passear no zoológico. E depois? o urso abraçou um, e então ficaram dois;

Dois negrinhos brincando no sol, sem medo algum um deles se queimou, e restou apenas um;

Um negrinho está sozinho, é só um! ele se enforcou, e não sobrou nenhum."

#2 – Ray Bradbury

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Chegamos então a uma das principais influências que King sempre responde quando perguntam para ele, “Quais são as suas influências?”, e é no meio de sua resposta que ele sempre solta um sonoro “Ray Bradbury”. Nascido Waukegan, Illinois, nos EUA, esse brilhante escritor foi famoso por suas histórias de Ficção científica e Fantasia. Foi daqui que King aprendeu a incrementar aquele elemento de normalidade em situações totalmente irreais. Bradbury põe seus personagens em situações descritas como cotidianas, mas que na verdade ocorrem em circunstâncias totalmente “fora da casinha”. É um grande escritor e ele prova isso com:

Os Frutos Dourados do Sol

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É um livro de 1953. Nele, Bradbury trás diversos contos que nos trazem situações fantásticas, muitas vezes ligadas a viagens espaciais e fantasia, ou seja, naquilo que ele sabe fazer. É nesse livro onde se pode ver claramente o que se foi comentado anteriormente, pessoas normais fazendo coisa normais imersas numa solução de fantasia e do extraordinário. Aqui vemos astronautas pegando pedaços do sol, uma bela descrição das aventuras de uma bruxa, uma crítica cômica através da guerra entre duas civilizações, idas para Marte, máquinas que voam, monstros e faróis. É uma leitura divertida e fácil. Vale a pena, sem dúvida.

Crônicas Marcianas

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Outro livro de contos, um de seus Best Sellers, um dos livros mais famosos de ficção científica da história. Aqui é contado a colonização de Marte, os diversos problemas e causas que levaram a isso, como exploração de novos planetas, fuga de guerras, entre outros. Bradbury conta essas histórias passando por diversas críticas e diferentes percepções sobre assuntos que eram, na década de 50, e ainda são presentes na sociedade, como trabalho, energia nuclear, condições ambientais. Tudo isso em cenários e contextos bem imprevisíveis.

A obra também pode ser encarada como um romance, onde temos Marte como um personagem principal, isso por que os contos ocorrem em ordem cronológica. Não custa enfatizar que vale a penas ler, né? Então, vale a pena ler galera. Leiam. Sério.

Fahrenheit 451

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Ok, ok, mas esse rapaz só escreve contos? Claro que não, para isso temos o Fahrenheit 451, o livro mais famoso de Ray Bradbury, e um dos livros mais famosos de Ficção Científica da historia. Em Fahrenheit 451, Bradbury nos apresenta uma sociedade onde todos os livros são proibidos, onde é considerado uma extrema falta de educação ter uma opinião crítica e opinião própria. O Personagem principal é Guy Montag.

Guy tem um serviço conhecido, “bombeiro”, não, ela não salva gatinhos assustados de árvores gigantes, é apenas um apelido carinhosos para quem tem o serviço de queimar livros. É daí que vem o nome, pois ele queima os livros na temperatura 451 Fahrenheit, só lembrar um pouquinho das aulas de física e química para saber que isso equivale a 233 graus Celsius. É nesse futuro distópico onde quem é encontrado lendo um livro é considerado louco, onde jovens delinquentes jogam carros em cima de pessoas simplesmente “por ser divertido”. Mas é então que surge um interesse de Guy pelos livros que ele queima. Disso, ele começa a questionar toda a sociedade em que se encontra.

#3 Richard Matheson

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Fica muito claro, em qualquer obra de Richard Matheson, de onde Stephen King tirou a sua narrativa. O jeito com que Matheson desenvolve seus personagens nas situações fantásticas onde eles se encontram são tão verdadeiras, tão reais que você fica com a impressão que isso pode acontecer com você a qualquer dia, se isso já não estiver acontecendo. Nasceu em Nova Jersey nos EUA, em 1926. Famoso por histórias de terror, ficção científica e fantasia. Stephen King já disse muitas vezes que Richard Matheson era a sua maior influência. Fez sucesso como roteirista também, escreveu vários episódios de “Além da imaginação” e adaptações de histórias de Edgar Allan Poe. Mas estamos aqui para falar de seus livros famosos, não?

O Incrível Homem que Encolheu

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Um dos livros mais famosos de Matheson, com direito a filme e tudo, é um livro de contos, mas poderia ser facilmente um romance se deixasse apenas o conto “O Incrível Homem Que Encolheu.” No principal conto, o que dá o nome a obra, encontramos Scott, que após ser atingido por uma chuva estranha enquanto navegava, começa a encolher centímetro por centímetro a cada dia. A primeira impressão da sinopse pode ser bobinha, mas a maneira como Matheson narra a história, como ele desenvolve a ruína da personalidade de Scott cada vez que ele diminui mais, é simplesmente genial.

A história vai intercalando com momentos de horror e de sobrevivência onde um Scott do tamanho de um prego tem de passar para sobreviver no porão de sua própria casa, e o caminho que teve de percorrer até ali, como isso afetou a sua família e a sua vida. Encontramos também, em outro conto do livro, um sucesso de Matheson, “Pesadelo a 20.000 pés”.

Em outras histórias Matheson brinca com cenários mais realistas em contos como “O Teste”, onde quando as pessoas atingissem a terceira idade, deveriam fazer um teste para provar que ainda eram úteis para a sociedade, caso contrário eram mortas. É sem dúvida, um puta livro."

Hell House – A Casa Infernal

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Nessa obra Matheson nos mostra a sua faceta de escritor de terror. O cenário, bem, o “Monte Everest”, das casas mal assombradas. Esse livro de 1971 é considerado um dos melhores livros de casas mal assombradas de todos os tempos. Neste, uma equipe de pesquisa perturba o silêncio que já durava 20 anos em uma mansão. O propósito é simples: Provar cientificamente a vida após a morte, e os vários fenômenos que cercam o sobrenatural. Os personagens são bem construídos e as intrigas entre eles melhor ainda. O embate entre a ciência e a fé também pode ser sentido aqui. É um livro curto e de fácil leitura.

Eu Sou a Lenda

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Muitos podem achar que conhecem essa história por causa do filme com o Will Smith, mas estão enganados. O filme contou praticamente outra história. Ao invés de um cientista genial abandonado em uma cidade infestada de vampiros, Matheson nos apresenta um sujeito normal, apenas "esperando a sua hora" enquanto sobrevive aos vampiros.

Em seu conto principal, Matheson vem trazendo a construção da ruína psicológica do personagem principal. As dificuldades que uma pessoa normal realmente viveria em uma situação como aquela são muito bem trabalhadas, pois cria uma grande empatia com o personagem principal. Nesse livro também temos histórias que bambeiam em uma linha fina entre o horror e o cômico, como em “O Quase Defunto”. Temos acontecimentos muito interessantes como o que acontece em “Dança dos Mortos.” Enfim, outro grande livro. Leiam. É sério.

Esses são três grandes influências de Stephen King, claro que há outras, mas essas talvez sejam as mais facilmente vistas em suas obras. Talvez sejam influências para você também.

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