Monte a sua matéria: Onde está o Tim Burton de antes? #61

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Onde está o Tim Burton de Antes?

Por: Arthur Gadelha

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Dentre tantos diretores no mundo do cinema, por que um cara com um jeitão estranho se destacaria? Aliás, Tim Burton, tem por que se destacar? Destaque talvez seja uma palavra forte demais para expressar o seu status no cinema mundial. Entretanto, que a sua existência é relevante, isso não se pode negar. Você não gosta dele? Nem um pouco? Talvez por não conhecer seus trabalhos e o quanto ele se entregou para alguns deles.

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Não vou citar nada da sua jornada de vida, por que não estou aqui para uma biografia. Podemos começar com “Vincent”, seu primeiro curta-metragem. É de se esperar que você não tenha visto o curta, por ele ser quase que uma obra rara. O curta foi feito em Stop-Motion – técnica complicadíssima que requer paciência para fazer um filme foto a foto com bonequinhos mecânicos – apresenta Vincent, que sonhava em ser Vincent Price. Mas basta você assistir ao curta para saber que Vincent não é Vincent. Vincent é Tim Burton. Essa é, enfim, uma de suas características. Ele gosta de expressar o seu “eu” em suas histórias. Não viu “Vincent”? Procure no YouTube!

A história do seu próximo curta-metragem chega a ser engraçada. A Walt Disney, em 1984, pediu para que Tim Burton preparasse um filme para o especial de natal. De início na carreira, aceitou o desafio e mandou ver. No natal do mesmo ano, o curta veio para o uma parte do público. E, de primeira, já houve contradições ao seu produto. Mães reclamavam, protestando que aquilo nunca seria um filme para crianças; elas não encontravam o natal nas imagens em preto em branco feitas por Tim.

Esse curta se chama “Frankenweenie”, que conta a história de um cachorro que retorna a vida como zumbi. Sim, um cão-zumbi! Mas tinha estilo; tinha sua pegada. Uma pena as mães não terem visto isso, e muito menos a própria Disney, que demitiu o funcionário, que só pisou na produtora do Mickey 28 anos depois para levar Alice ao país das maravilhas. Mas a experiência foi boa, pelo menos para o diretor. “Era incrível pra mim ter 25 anos e ser levado a sério com uma ideia como a de Frankenweenie” – Diz Burton em entrevista.

Sua estreia como diretor foi em “As Grandes Aventuras de Pee-Wee”. As críticas da época se dividiram entre xingar o diretor e elogiá-lo. Digamos que tenha sido uma boa estreia; não como deveria ter sido. Uma versão assombrosa de “Allandin” foi ao ar por suas mãos. Mas, em 1988, Tim Burton nos mostra mais alguma coisa nova, com o famoso “Os Fantasmas se Divertem”. Mas é tão bizarro!!! – Sim, o bizarro mais estranhamente bom que já foi visto.

Mas é em 1990 que chega mais uma, se não a melhor, obra-prima: Edward, Mãos de Tesoura. A história sendo dele percebe-se, mais uma vez, a sua figura. A do garoto estranho, inocente, que as pessoas olham com estranheza. Basta você ler algum livro de biografia sobre Burton, para saber de sua infância difícil, devido sua exclusão social. “Existiam tantos filmes bizarros, que eu consegui aguentar bastante tempo sem amigos”. Disse Burton.

Edward, com certeza, foi um marco na sua carreira. O lucro não foi nada assombroso. Quer dizer, não o lucro monetário, mas o seu lucro pessoal foi maravilhoso; e continua sendo. Não vou falar muito desse filme, seu melhor pra mim, por que muito já se ouviu falar sobre ele.

Muito se engana quem pensa que o fabuloso “O Estranho Mundo de Jack” é dirigido por Tim Burton.  O poema que originou o roteiro é dele. A base do enredo é a mesma; os personagens são de sua autoria. Então, por que não dizer que é um dos seus melhores filmes? Eu consideraria uma de suas melhores histórias; é diferente. A direção é de Henry Selick, outro grande diretor de Stop-Motion; autor do fabuloso “Coraline” de 2009 e “James, o pêssego gigante”.

E, por enquanto, com “Edward, Mãos de Tesoura” acaba seu patrimônio de criação. Os três Batmans dirigidos por Tim Burton oferecem uma nova imagem do herói morcego. Até hoje, por exemplo, existem pessoas que preferem os deles a os do Christopher Nolan. Mas enfim, não estou desmerecendo o seu trabalho. Só estou evidenciando os filmes que possuem mais autoria própria.

“Ed Wood”, “Marte Ataca”, “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça”, “Planeta dos Macacos”, “Peixe Grande”, “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, “Sweeney Todd”, “Alice no País das Maravilhas” e o mais recente “Sombras da Noite” têm os seus destaques. Alguns deles são maravilhosos, mas, afinal, percebe-se que o Tim Burton está na fotografia ou na direção. Neles, não somos mais absorvidos pela história burtoniana; a história fabulosa, criativa... Nesses filmes, Tim Burton está no visual e na direção – que não deixam de ser ótimos aspectos dentro de um filme.

Voltamos a ver o Tim Burton em “A Noiva Cadáver” de 2005 e no mais recente “Frankenweenie”, longa baseado no original, lançado pela Disney... – Surpresa vê-la por aqui.. É um perdão da produtora? – A essência do Tim Burton está presente nesses filmes, o tanto quanto estava em Edward ou em Vincent. Esse é o Tim Burton que eu quero estar vendo.

Tudo o que eu falei foi muito pouco, para falar desse diretor. Não citei seus grandes parceiros como os atores Johnny Depp e Helena Bonham Carter ou o compositor Danny Elfman, que trabalharam muito ao seu lado. Mas enfim, Tim Burton foi alguém diferente. Hoje, com Sombras da Noite ou Alice no País das Maravilhas, posso no máximo sair do cinema com um sentimento satisfatório. O que eu mais quero, é ver o Tim Burton nas linhas do roteiro, com suas história mirabolantes e cheias de monstros ou mortos coloridos. É esse Tim Burton que eu quero assistir; não que o outro me incomode. Muito pelo contrário; eu adoro os dois.