Monte a sua matéria: A viagem - um filme ambicioso? #64

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A Viagem- Um filme ambicioso? 

Por: Arthur Gadelha

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“A Viagem” é, simplesmente, a experiência cinematográfica mais diferente de todas que eu vivi. Isso não é, necessariamente, um elogio acentuado. Como viajante, achei que fui mal recebido a bordo. Afinal, eu não estava entendendo nada... Em A Viagem, tudo passa a ser tão confuso que até uma simples pergunta como: “Você gostou do filme?” feita depois da sessão, é difícil de responder. Complicado? Demais!

Mas enfim, por que os diretores precisam se importar em agradar todo tipo de pessoa? Fica claro um novo estilo; é extremamente inovador ao forçar que você, não simplesmente assista ao filme, mas, também, que você consiga resolvê-lo. Sua tarefa – do telespectador – é conectar todos os pedaços de história que são, a primeira vista, jogados aleatoriamente.

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Ao decorrer do filme, percebe-se que, enfim, a frase de efeito tem todo o sentido. De fato, tudo está conectado. A decepção, contudo, vem logo em seguida.

A Viagem, afinal, é o longa mais ambicioso do ano! Infelizmente, a maioria das pessoas achava que ele se tratava de outra coisa... Eu tentei permanecer imparcial nas teorias, mas foi inevitável; estava realmente ansioso por ele.

“Acredito, caro leitor, que se puder ser um pouco mais paciente, encontrará o método desta história de loucura.” Diz um personagem no começo do filme, quem sabe, se dirigindo para nós...

Sim, somos os leitores; custa um pouco de paciência? Se perguntassem a mim qual a sinopse do filme, eu teria sérias dificuldades em responder. No geral, são várias histórias de diferentes épocas que se intercalam inesperadamente. Ou seja, o filme não possui uma ordem cronológica de acontecimentos. Está tudo misturado, só esperando que o telespectador junte as pontas.

Nesse vai e vem de histórias, os mesmos atores se contracenam como diferentes personagens. Nessa parte entram aspectos que devem ser lembrados. A começar pelos atores, que, em sua maioria, conseguem criar personagens extremamente distintos. 

Tom Hanks é um deles; é impressionante. E para potencializar as atuações ao máximo, somos premiados com uma maquiagem de cair o queixo! Em alguns momentos, acredite, chega a ser uma tremenda epifania descobrir quem eram os atores por detrás de alguns personagens. É absolutamente bem feito! Com certeza, A Viagem foi o título mais esnobado pela Academia do Oscar...

As diferenças entre as cenas do filme evidenciam as divisões de direção entre Andy Wachowski, Lana Wachowski e Tom Tykwer. Tom fica com a parte mais calma do filme. Enquanto os Wachowski arrasam no seu mundo de futuro, em sua “Matrix azul”; ops... Nova Seul, eu quis dizer. Fica fácil encontrar similaridades com o projeto mais famoso dos irmãos. Esse é, enfim, o retorno dos Wachowski.

A trilha sonora é magnífica; completamente intensa e profunda. O roteiro é controverso e divide opiniões, ao, como eu já havia dito, trazer um ritmo não cronológico. Contudo, adaptado de um livro inadaptável, o roteiro se prova muito bem construído. Ele pode não dar as respostas de bandeja – ainda bem –, mas deixa pontas bem curiosas.

Eu confesso, não desvendei todas ainda! Por mais que eu não consiga imaginar esse filme com dez minutos cortados, a duração do filme pesa e põe em prova a nossa atenção. Pra mim não foi nem um pouco complicado permanecer acordado durante as quase três horas do longa.

Difícil, foi estar 100% atento a todas as informações que o filme fica transmitindo, às vezes, até secretamente. Se não bastasse uma história com cenas e frases confusas, ainda existem mensagens subliminares nos gestos, imagens e textos.

Mas o bom e diferencial do filme é justamente isso: confundir nossas cabeças para depois força-las a desvendar tudo o que foi colocado em jogo. Por que isso aconteceu? Teve algum significado ou foi inútil? A Viagem pode ter muitos defeitos, mas um que ele certamente não possui, são cenas inúteis. Tudo, absolutamente tudo, tem sentido! – Mesmo que não seja possível encontrar todos –.

No final, encontrando ou não o método desta história de loucura, “A Viagem” surpreende em sua ousadia de brincar com as mentes dos telespectadores. Essa brincadeira é fabulosa, acredite!

No momento em que eu saí da sala do cinema, disse: “Esse é um filme absolutamente maravilhoso! Só que eu não sei muito bem o porquê...” – Mas depois, conversando com amigos e relembrando de cenas; tentando conectá-las... Foi incrível; uma verdadeira epifania.

“A Viagem” transmite muitos tipos de sentimentos ao telespectador. Muitos deles, talvez, nunca antes provados dentro de um mesmo filme. Começa confuso, e, finalmente, começa a fazer sentido. Ao sair, fiquei absorto com o espetáculo visual que tinha acabado de testemunhar; fiquei em choque; horas pensando no filme...

Agora posso dizer que, como viajante, fui muito bem tratado a bordo, e, como prometido pela companhia, cheguei onde eu queria chegar.

A Revista Time listou “A Viagem” como o pior filme do ano. Com certeza, alguém está completamente maluco; ou eles ou eu... O filme é sem igual; confuso, primoroso e muito, muito inteligente. Uma verdadeira Obra-Prima.

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