Minilua Debate: Limite do Humor #2

Sejam bem-vindos ao Minilua Debate, nesta série queremos saber sua opinião a respeito dos mais diversos assuntos que compõem a nossa sociedade. Toda semana lançaremos um tema central a ser discutido para vocês ampliarem seus conhecimentos, compartilharem ideias e pontos de vista, afinal opinião é para ser respeitada, mas não para ser aceita como verdade absoluta.

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Tema da semana: Qual o limite do humor?

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No dia 7 de janeiro deste ano, terroristas islâmicos mataram a tiros de fuzil 12 pessoas e feriram 11 na Redação do jornal satírico "Charlie Hebdo", em Paris, a pretexto de vingar o profeta Maomé, alvo frequente das charges da publicação. Apesar das muitas manifestações de repúdio ao ato terrorista, o atentado também acabou provocando uma polêmica sobre a liberdade de expressão e os limites do humor. Para alguns, ela deve ser geral e irrestrita, pois, se houver limites, não existirá liberdade de fato. Outros, consideram que há temas como a religião, que devem ser preservados, pois o direito de se expressar livremente não inclui a possibilidade de ofender. Há ainda quem defenda que a liberdade tem de coexistir com a responsabilidade e se submeter a uma ética.

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Existe limite para o humor ?

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Fazer rir é uma arte e como em toda arte há bons artistas e maus artistas. Há bons músicos e maus músicos, há bons pintores e maus pintores, há bons humoristas e maus humoristas. O estranho é que, mesmo assim, quando publicam uma música de mau gosto, que transforma a mulher em objeto sexual, por exemplo, não se fala em proibi-la, retirá-la de circulação; quando o artista elabora uma pintura obscena, que ofende os bons costumes, às vezes vira vanguardista, transgressor, e faz sucesso. O humorista, por outro lado, é o alvo da vez.

Talvez porque haja exageros. No pretexto de fazer humor, piadistas chegam a extravasar essa esfera e atingir a dignidade, a reputação e a imagem alheia, causando danos sociais muitas vezes irreparáveis. Tome-se, por exemplo, o caso recente no qual Danilo Gentili satirizou uma grande doadora de leite materno. Sua graça fez com que a mulher se sentisse tão mal e ridicularizada que, por força dessa questão psicológica, sua produção de leite já está diminuindo. O banco de leite que ela ajudava está, com toda razão, desesperado. Muitas crianças que têm sua vida garantida pelos grandes atos dessa mulher agora estão com seu futuro indefinido. Enfim, uma péssima piada gera, nos dias de hoje, mais do que um dano moral: gera um desserviço para a sociedade.

Há um forte argumento que diz que a piada com base em diferenças físicas, de sexo, de orientação sexual e congêneres reflete o preconceito das elites e das maiorias em desfavor dos oprimidos. Será? Sei que um erro não justifica outro, mas é fato que o humor sempre foi assim e, até pouquíssimo tempo atrás, ninguém processava humoristas por piadas de mau gosto. “Os Trapalhões” era recheado de piadas infames e racistas por meio do Mussum e contra os calvos tendo como alvo Zacarias. E Renato Aragão é, até hoje, embaixador da ONU. O acesso à justiça e a luta por direitos representa um enorme avanço social que o Brasil conseguiu nos últimos anos, mas algo mudou de lá para cá na sociedade em si?

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A própria natureza humana age como um “sabotador íntimo” nessas discussões. Afinal, tomando ainda como exemplo o erro de Danilo Gentili, as pessoas riram. Muita gente riu. Muita gente que agora o condena, com toda razão nisso. Mas por que riram?

Leandro Hassum disse certa vez em uma entrevista: “o humor nasce do diferente”. Ele tem razão. Alguém conhece um famoso comediante norueguês? Deve ser difícil fazer um stand up na Noruega, onde todos são física, social e economicamente iguais. Tenho curiosidade de saber como funciona.

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Fonte: EstudeAtualidades - Uol