A grande farsa de Nostradamus

Todo mundo já ouviu falar das profecias de Nostradamus, mas será que ele previu algo mesmo ou é tudo papo furado?

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Origem

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Nascido em dezembro de 1503, na França, Michel de Nostredame foi médico e alquimista, além de ter escrito diversas profecias, que lhe deram destaque no mundo todo. Ele morreu em 1566, deixando seu livro “As Profecias”, publicado inicialmente em 1555, como sua grande realização de vida.

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Durante sua vida, Nostradamus ganhou destaque por seus conhecimentos sobre ocultismo e outras artes mágicas. Sua carreira como vidente lhe deu a oportunidade de trabalhar para a Rainha da França, que desejava saber o futuro dos filhos usando o horóscopo. Devido a essa fama, seu livro, logo que foi lançado, se tornou um sucesso e voltou a brilhar no mundo centenas de anos depois, quando, supostamente, algumas das profecias se cumpriram.

As profecias

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Nostradamus escrevia suas profecias em forma de quadras, um pequeno poema de quatro linhas. No total, ele publicou 942 quadras, divididas em 9 grupos de cem e um de 42. Sendo assim, o profeta teria feito a previsão de mais de 900 eventos.

Os problemas com as profecias dele começam pelo fato de que, na época, os livros sofriam diversos problemas de impressão, ou seja, era difícil achar dois livros iguais, mesmo sendo da mesma edição. Além disso, há o problema de tradução do francês antigo para o atual, que podem distorcer algumas passagens.

Outro ponto importante é que algumas das profecias de Nostradamus são cópias de um livro de profecias cristão mais antigo, chamado Mirabilis Liber, que contém a palavra de diversas pessoas de vários séculos.

Nostradamus não aceitava o rótulo de profeta:

Embora, meu filho, eu usei a palavra profeta, eu não iria atribuir a mim um título de tão elevada sublimidade. - Prefácio de César de 1555.

O famoso profeta, para prever o futuro, teria usado coisas acontecidas no passado combinadas com astrologia. Como todo mundo sabe, a astrologia é uma pseudociência que não possui nenhum tipo de comprovação e não mostra nenhum motivo para receber crédito, o que ajuda a desmerecer o “adivinho” francês.

Por último e não menos importantes, podemos falar das próprias profecias. Primeiro vem o fato de que a grandíssima maioria das coisas escritas por ele jamais se cumpriram ou chegaram perto de acontecer. Já as profecias que se cumpriram possuem problemas ou, na verdade, não são profecias reais dele.

No dia 11 do mês nove
Dois pássaros de metal irão derrubar duas estátuas altas
Na nova cidade,
E o mundo vai acabar logo depois.

Essa profecia correu a internet faz alguns anos, mas, obviamente, não é real. As duas primeiras linhas nunca foram escritas por Nostradamus; já as duas últimas sim, mas em quadras separadas e sem nenhuma ligação entre si. Além do mais, o mundo não acabou logo depois…

Existem outras como essa:

No ano do novo século e nove meses
Do céu virá um grande rei do terror
O céu queimará a quarenta e cinco graus
Fogo se aproximará da grande cidade nova

Na cidade de York, haverá um grande colapso
Dois irmãos gêmeos separados pelo caos
Enquanto a fortaleza cai; o grande líder sucumbirá
Terceira grande guerra começará quando a cidade grande está queimando

Essa profecia também é falha, montada com frases soltas do autor e modificadas para se assemelharem a verdade.

Nós temos algumas profecias que foram publicadas anteriormente no Minilua, falando sobre algumas figuras importantes. Mas, quando analisadas racionalmente, elas também perdem um pouco o sentido.

Essas estrofes deveriam descrever Napoleão Bonaparte e sua vida:

No mundo será feito um rei,
que terá pequena paz e vida curta.
Neste tempo o barco do papado
Estará perdido, governado em seu maior detrimento.

(Centúria I, estrofe 4)

Um imperador nascerá na Córsega,
Custará caro ao império.
Veremos com quantos ele faz aliança,
Será julgado menos príncipe que carniceiro.

(Centúria I, estrofe 60)

Prestes a combater, falhará,
O chefe inimigo obterá a vitória,
A retaguarda se defenderá,
Os que forem mortos no território cheio de neve farão falta.

(Centúria IV, estrofe 75)

Esses versos não possuem ligação nenhuma entre si, ou seja, foram ordenados propositalmente para tentarem descrever Napoleão, criando um texto maior que não existia originalmente.

A primeira parte fala de um rei, mas Napoleão foi imperador, além disso, existem dezenas de relatos históricos onde os governantes viviam pouco, pois, em épocas de guerra, isso era mais do que normal.

A segunda estrofe fala de “nascido em Córsega”, mas o poema original diz apenas “perto da Itália”. O resto das linhas não diz nada demais ou algo que possa ser ligado exclusivamente a Napoleão.

Na terceira temos dois erros, pois a primeira linha, na verdade, é “Pronto para a fuga ele desertará”. Em nenhum momento Napoleão desertou e a quarta linha, fala de neve, mas o original fala de “terra branca”.

Resumindo: Muito do que se fala de Nostradamus é modificado para se adequar as coisas do mundo real, quando, na realidade, as profecias dele são apenas alguns textos soltos que não descrevem nada exatamente. Os quase mil poemas dele, quando interpretados de uma determinada maneira, obviamente, vão parecer descrever algo atual ou que aconteceu, mas no fundo não passa de uma distorção ou interpretação tendenciosa…

Enquanto alguém não dar uma data exata, descrever o acontecimento diretamente - sem metáforas ou de maneira aberta a interpretações –, citando nomes e todo o tipo de dado, nenhuma profecia pode ser considerada válida.