Conheça histórias de ex-combatentes brasileiros da 2ª Guerra Mundial

Quase ninguém imaginaria que o mundo passaria por novas guerras depois dos genocídios que aconteceram na 1ª Guerra Mundial e na 2ª Guerra Mundial. Mas, o texto de hoje é para falar de algo histórico: as histórias de brasileiros na 2ª Maior Guerra do Mundo. Vamos lá!

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A FEB (Força Expedicionária Brasileira) diz que o Brasil enviou cerca de 25 mil militares para o combate na 2ª Guerra Mundial. No fim do ano de 2021, pesquisadores contataram que desse total apenas 50 estavam vivos para contar suas histórias. Conheça alguns deles agora!

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Foto: (reprodução/internet)

Os pracinhas da FEB

Antes de começar com a lista dos nomes desses ex-combatentes da guerra, vale trazer uma curiosidade importante. Os pracinhas da FEB são os soldados veteranos do Exército Brasileiro que foram enviados para integrar as forças aliadas contra as forças do Eixo.

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Foto: (reprodução/internet)

Eles lutaram na Itália e participaram de batalhas importantes da história, como a de Monte Castello. Eles eram soldados da linha de frente e recebiam tratamento médico, treinamentos, armas e tudo mais que os aliados enviavam para o suporte necessária nos dias tenebrosos.

Hoje, todo mundo sabe que o envio dos pracinhas brasileiros e mais dos norte-americanos, além de outros países, foi muito importante para que o norte da Itália não fosse dominado pelos nazistas. Foi assim que houve a desestabilização do governo de Benito Mussolini.

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André Ragalzi

Ele foi um pracinha da FEB. E em dezembro de 2021 completou 100 anos de vida. Na idade centenária, para a imprensa local, lembrou de muitos momentos da sua juventude, na guerra. Ele é tenente reformado e mora com a esposa em Aquidauana (MS).

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Foto: (reprodução/internet)

Ragalzi tem 11 filhos, 20 netos e 24 bisnetos. Esteve no navio General Mann, que atracou no porto de Nápoles, na Itália, em 16 de julho de 1944. Assim, fez parte do primeiro grupo de brasileiros que chegou à Europa para lutar contra o nazismo.

“Quando pulei da trincheira andei uns 10 passos e a bomba explodiu e jogou todo o cabo do exército. Eu escapei por um fio de linha. Se tivesse ficado por um minuto, eu tinha ido com ele também”, contou André, ao se lembrar da perda de um amigo guerreiro.

Altivo Vedova

Ex-combatente na Guerra, 3º Sargento do Exército do Estado, capixaba e morador de Itaguaçu. Foi assim que o Altivo era descrito nos últimos anos de vida. Diferente dos companheiros, ele ficou por 5 anos inteiros na Itália, só retornando para casa após o fim da Guerra.

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Foto: (reprodução/internet)

O Vadova iniciou a carreira no exército quando tinha 20 anos. “Perdi colegas e familiares. Fui convocado para as batalhas e participei até a tomada de Monte Castello. Ainda hoje, eu sonho a noite com todas as guerras que participei”.

Agostinho Gonçalvez da Mota

“A gente esperava a qualquer hora a morte. O que eu achava mais difícil era você fazer patrulha de reconhecimento e ver o companheiro morto. Isso não era nada fácil”. É o que conta o Agostinho, outro brasileiro presente na 2ª Guerra Mundial.

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Foto: (reprodução/internet)

Também é um tenente reformado e mora em Campo Grande (MS). Agostinho tem 3 netos e 3 filhos. É considerado o pracinha mais novo que está vivo. Nos últimos anos, ele ocupou o cargo de presidente da Associação dos Veteranos da Força Expedicionária de MS.

Ele lembrou que ao desembarcarem na Itália, os soldados ganhavam treinamentos, armas e até mesmo uniformes para seguirem para região mais montanhosa do país. Curiosamente, ele conta que foi com a chegada dos brasileiros que o jogo começou a virar contra os nazistas.

Ermando Piveta

Esse nome merece estar aqui por vários motivos. Inclusive, Ermando voltou a ganhar fama nos últimos dias por vencer outra guerra contra um doença. Aos 99 anos, o pracinha da FEB passou 8 dias internado no Hospital das Forças Armadas e recebeu alta sob aplausos.

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Foto: (reprodução/internet)

“Foi uma luta tremenda, mais do que na guerra”, disse o homem, idoso, na cadeira de rodas. “Na Guerra, você mata ou vive. Aqui, tem que lutar para poder viver. Saí dessa luta vencedor”, disse o Piveta. O que ninguém sabia é que meses depois, ele pegaria Covid de novo.

De novo, ele saiu vencedor. E trouxe para o Brasil um dos momentos mais memoráveis que se pode ter na vida: a saúde. Hoje, o ex-combatente da guerra guarda em casa algumas fotos de quanto estava uniformizado, na juventude. Atualmente, ele tem 101 anos de idade.

Julio do Valle

Em Montese, no norte da Itália, Julio teve uma história religiosa durante a Guerra. “Deus nos pediu para entrar numa casa porque era muito perigoso”. Assim, ele e mais 3 soldados entraram na casa e se salvaram de um lugar que seria explodido por uma bomba.

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Foto: (reprodução/internet)

“Ele falava o nosso português e nunca o tínhamos visto. Quando saímos da residência só havia muita poeira e cheiro de pólvora. A explosão foi bem onde ele estava. Nós não vimos chegar nem sair. Chegamos à conclusão de que era Deus”.

Além desse trecho, Julio também contou que todos os soldados eram bem novos e inexperientes com as Guerras. Segundo ele, ninguém sabia o que era um combate, dos generais aos soldados mais rasos. Aprenderam a guerrear na dificuldade.

Francisco Leal

O Tenente Leal é outro nome da lista de pracinhas da FEB que contou muitas das suas histórias na Guerra. Foi considerado um dos últimos pracinhas vivos. E deixou para a filha, Isalete Leal, o trabalho de contar a história dele em toda a imprensa nacional.

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Foto: (reprodução/internet)

De acordo com a filha do ex-soldado, ele liderou 4 frentes na guerra, sendo elas cavalaria, artilharia, comunicações e infantaria. Para Isalete, ela será a defensora da memória de seu pai, para sempre. Leal foi transferido para a Itália como cabo do Infante no Terceiro Escalão.

Já em terras italianas, ele passou por regiões como Abetaia, Bibiano, Vale do Rio Reno, Vale do Pó, Parma e Lombardia. Esteve presente em três grandes batalhas: Monte Castelo, Montese e Fornovo di Taro, sendo a última a mais importante pela captura do exército nazista.

Estevão Covre

Quando começou a contar a sua história na Guerra, o Estevão já não tinha a audição totalmente boa. Ainda assim, a cabeça moldava todas as ideias e o fazia lembrar dos fatos e dos momentos únicos que viveu na 2ª Guerra Mundial.

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Foto: (reprodução/internet)

Depois da Guerra, se tornou um comerciante de sucesso e disse que toda estratégia que aprendeu lá Itália, trouxe para o seu dia a dia de trabalho. Ele era considerado o 2º Sargento do Exército e por ser um filho danado, o pai o enviou para a carreira militar.

Anacleto Brunoro

Anacleto passou dos 100 anos de vida, mesmo achando que morreria bem antes disso. Na memória, até o fim da vida, guardou as coisas “ruins” que viveu na Itália. Ainda lúcido, falava que seguir na carreira do Exército aconteceu quando tinha 20 anos.

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Foto: (reprodução/internet)

Aos 24 anos, foi para a Itália lutar na 2ª Guerra Mundial. “Foram 15 dias e 15 noites a bordo de um navio que nos levou até a Europa. A guerra é muito difícil. Eu perdi um amigo, tive de morar no meio do mato. A guerra é só coisa ruim”, ele lamenta.

Brunoro atuou como cabo do Exército no Brasil e combateu na guerra como sargento. Atualmente, ele tem patente de 2º Tenente da Reserva do Exército Brasileiro. Também tem no currículo uma benção do Papa Pio XII e muitas fotos, além do cantil e pratos usados naqueles dias.

Justino Alfredo

Ele foi considerado o último pracinha da FEB vivo de Campinas, no interior de São Paulo. Morreu aos 101 anos, mas não sem deixar na história a sua atuação na Guerra. Veterano da FEB, esteve em batalhas contra soldados nazistas na Itália durante a 2ª Guerra.

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Foto: (reprodução/internet)

Começou na carreira militar pelo Tiro de Guerra de Campinas. Aos 23 anos, 2 anos mais tarde, ele foi selecionado para integrar o 6º Regimento de Infantaria. Direto para o campo de batalha italiano, participou de todas as ações do Regimento Ipiranga até o final da guerra.

Raimundo Delmiro de Sá

Mais um dos últimos pracinhas da FEB vivos foi Raimundo, que é natural da Paraíba. Ele escolheu o Espírito Santo para viver os últimos dias de vida. É um militar reformado como 2º Sargento do Exército. A carreira militar foi iniciada aos 18 anos a pedido do pai, também.

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Foto: (reprodução/internet)

Assim, ele foi convocado para a guerra e passou 6 meses na Itália. Na Europa, atuou na tropa brasileira como soldado. “Significa muito para mim ter ido para a guerra. Eu podia ter morrido qualquer um daqueles dias”. O ex-soldado diz ter muito orgulho de ter defendido a bandeira do país.

O envio dos pracinhas da FEB para a guerra

Antes de terminar o conteúdo, como gostamos de fazer, outra curiosidade. Até hoje é muito contraditória a história sobre o envio dos pracinhas para a Guerra. O atual presidente era Getúlio Vargas, que tinha uma ideia parecida com a dos fascistas, que estavam dominando os territórios.

No entanto, historiadores dizem que ele decidiu enviar os soldados brasileiros para a guerra em apoio econômico aos Estados Unidos. Isso se deu através dos Acordos de Washington, o que fez nascer mais tarde a Companhia Siderurgia Nacional e a Companhia Vale do Rio Doce.