Confissões controversas que resultaram em condenações severas

A falsa suposição de que ninguém jamais irá confessar um crime que não cometeu é uma das maiores causas de condenações injustas. Quando os agentes da lei estão sob grande pressão para resolver um caso, encontrar o verdadeiro autor do crime pode tornar-se uma prioridade secundária e, se necessário, eles vão usar de intimidação para obter a confissão de um suspeito. Em muitos casos, mesmo quando não há nenhuma outra evidência de que um suspeito cometeu o crime, uma confissão ainda pode ser suficiente para “obrigar” um júri a votar culpado. Aqui estão alguns casos controversos em que uma condenação foi possível graças a uma confissão muito questionável.

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Os Cinco do Central Park

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Em 19 de abril de 1989, Nova York viveu um de seus mais marcantes crimes, quando a corredora de 28 anos Trisha Meili foi estuprada e severamente espancada no Central Park. Trisha ficou em coma por 12 dias e sem memória do incidente após se recuperar.

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Cinco jovens do Harlem - Anton McCray, Kevin Richardson, Raymond Santana, Yusef Salaam, e Kharey Wise, quatro negros e um hispânico – foram vistos no parque na noite do ataque e foram levados para interrogatório. Com exceção de Salaam, todos eles confessaram o crime. Os cinco foram julgados e considerados culpados, sendo condenados de cinco a treze anos de prisão. No entanto, todos os quatro jovens se retrataram de suas confissões e os cinco afirmaram terem sido coagidos e intimidados pela polícia.

Mas suas declarações não eram consistentes com a evidência física e o Ministério Público minimizou o fato de que nenhum dos DNA's da cena do crime combinava com o deles. Foi quando em 2002, o DNA encontrado combinou com o de um estuprador em série, Matias Reyes, que admitiu o crime e confirmou que ele fez isso sozinho. Mas quando os cinco jovens foram inocentados, eles já haviam cumprido as suas penas.

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Os quatro de Norfolk

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Em 8 de julho de 1997, Michelle Moore-Bosko foi assassinada após ser estuprada em sua residência na cidade de Norfolk, Virginia. O vizinho Danial Williams e seu companheiro de quarto Joseph J. Dick, Jr., foram levados para interrogatório e confessaram o crime. No entanto, como nenhum traço de seus DNA's foram encontrados na cena do crime, a polícia foi forçada a buscar novos suspeitos. Foi quando Dick nomeou mais dois cúmplices, Derek Tice e Eric C. Wilson, que posteriormente confessaram o envolvimento. Williams, Tice e Dick foram condenados à prisão perpétua, enquanto Wilson recebeu 8 anos e meio de prisão. Os quatro homens alegaram que só confessaram o crime porque foram ameaçados com a pena de morte.

Só que as confissões separadas dos quatro se contradiziam, e os registros navais mostraram que Dick estava servindo no momento do assassinato. Mais tarde, um preso chamado Omar Ballard confessou ter cometido o assassinato por conta própria e seu DNA estava presente na cena do crime. Os quatro condenados permaneceram presos porque a polícia afirmou que eles haviam agido como cúmplices de Ballard. Wilson foi libertado depois de cumprir sua sentença e Tice, Williams e Dick receberam indultos condicionais em 2009. No entanto, os quatro de Norfolk ainda são obrigados a se registrar como criminosos sexuais e eles continuam lutando para limpar seus nomes.

Earl Washington Jr.

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Se já parece ruim o suficiente que uma confissão coagida envie uma pessoa inocente para a prisão, é especialmente horrível quando se envia para o corredor da morte. Em junho de 1982, aos 19 anos, Rebecca Lynn Williams foi estuprada e esfaqueada até a morte dentro de seu apartamento. Um ano mais tarde, a polícia suspeitou de Earl Washington Jr.,que estava sob custódia por mais um crime. Depois de interrogar Washington por dois dias seguidos, ele finalmente confessou cinco crimes diferentes, incluindo o assassinato de Rebecca Williams. Earl foi inocentado dos outros quatro crimes, mas pegou sentença de morte pelo assassinato de Rebecca.

Com um QI de 69, Earl foi coagido a fazer todas as confissões. Sua confissão inicial para o assassinato estava cheia de inconsistências que incluíam desde a raça da vítima até o local do crime.

Sua execução foi interrompida quando um companheiro de corredor da morte, José Giarrantano, contatou um escritório de advocacia para apresentar uma petição de habeas corpus em nome de Earl. Em 1994, Earl Washington recebeu clemência do governador da Virginia e teve sua sentença convertida para prisão perpétua. Anos depois testes de DNA provaram que ele não era o autor do crime. A Earl foi concedido o perdão completo após cumprir 17 anos. O verdadeiro assassino de Rebecca Lynn Williams nunca foi encontrado.