Quando haviam duas espécies humanas na Terra

O ser humano, ao contrário do que algumas crenças afirmam, surgiu de um longo processo evolutivo, que começou na Terra há bilhões de anos. Desde nossos primeiros ancestrais diretos, até hoje, várias espécies humanas vagaram pela Terra e algumas conviveram em relativa paz:

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Gênero

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A biologia possui um grande esquema de classificação de seres vivos, indo desde a vida em si até cada espécie. No meio disso existem os reinos, as famílias e também os gêneros. O ser humano atual faz parte do gênero Homo, que já teve vários outros representantes atualmente extintos.

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Um gênero é determinado por seres com diversas características semelhantes, que possuem algumas similaridades físicas e também genéticas. Normalmente animais do mesmo gênero evoluíram a partir de um ancestral em comum.

Os “humanos”

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O primeiro registro de um ser do gênero Homo data 2,4 milhões de anos. O Homo Habilis é considerado a primeira espécie humana a habitar a Terra. Ele surgiu de um ancestral, que acabou dando origem a outros membros da ordem dos primatas.

Por vários milhões de anos, a evolução seguiu seu caminho gerando novas espécies de humanos, cada vez mais se aproximando de nós. Quem quiser conhecer essa evolução em mais detalhes, pode ler o post “A história da evolução do homem que poucos conhecem”, que detalha o surgimento dos homens desde seu ancestral em comum com outros primatas, passando por todas as fases da história humana.

Uma das épocas mais interessantes de toda a história humana ocorreu há pouco mais de 200 mil anos, quando haviam dois tipos de seres humanos habitando o planeta.

Homo Sapiens e Homo Neanderthalensis

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Quando um grupo de seres se separa de outro, o tempo faz com que as diferenças, que no início eram pequenas ou nulas, comecem a ganhar força. Depois de alguns milhares de anos e centenas de gerações, um ser pode ficar tão diferente de outro – que fazia parte do mesmo grupo, mas que viveu em circunstâncias diferentes –, que os dois começam a ser considerados de espécies diferentes.

Acredita-se que algo semelhante a isso tenha ocorrido com o Homo Sapiens e o Homo Neanderthalensis. Em algum momento, os dois possuíam um ancestral em comum, mas a diferença de local e o tempo, os transformou em seres totalmente diferentes. Mesmo assim, os dois sobreviveram as intempéries do planeta e acabaram convivendo por aqui.

Entre 200 e 30 mil anos atrás, essas duas espécies de humanos andavam na Terra.

A convivência

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Durante muitos anos, a maior parte dos estudiosos da evolução humana acreditava que as duas espécies haviam vivido no mesmo tempo, mas que não haviam feito contato. Como na época as populações eram pequenas e mesmo algumas dezenas de quilômetros eram distâncias enormes (afinal as pernas eram o único meio de locomoção), essa ideia parecia fazer bastante sentido.

Contudo, um estudo feito pelo Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology, na Alemanha, revelou que talvez os humanos atuais sejam uma mistura do Sapiens (mais antigo) com os Neanderthalensis. O estudo aprofundado do DNA desses humanos do passado mostrou que existe uma boa possibilidade de que eles tenham cruzado com o Homo Sapiens e que nós sejamos resultado dessa diversificação.

A extinção

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O maior mistério que ronda os Neanderthalensis é sua extinção. Até 30 mil anos atrás, alguém poderia passear pelo norte da Europa e encontrar essa espécie humana, com seu corpo baixo, mas forte, e cabeça que tinha um cérebro 10% maior do que o nosso.

Por essa descrição, parece que os Neanderthalensis é que deviam ter sobrevivido, afinal eram fortes e tinham um bom cérebro, mas o corpo deles tinha uma grande desvantagem em relação a nós.

A locomoção: As articulações dos Neanderthalensis mostram que eles não eram tão ágeis quando o Sapiens, fazendo com que vivessem em lugares fixos, sem sair em busca de novas opções. Outro fato que pesa contra eles é que a gestação era mais longa, chegando ao 12 meses.

Durante muito tempo, acreditou-se que os Neanderthalensis tivessem sucumbido perante a superioridade “sapiana” em uma guerra, mas não existem evidências que mostrem isso.

O que parece fazer mais sentido é que a dificuldade de locomoção e gestação dessa espécie, os tenha feito sucumbir há 30 mil anos, depois que uma grande erupção tomou o norte da Europa, causando mudanças climáticas. Esse fenômeno deve ter sido o que iniciou o processo de declínio dessa civilização de “primos” dos humanos atuais, abrindo o caminho para que uma espécie de Homo reinasse sozinha.